São estas as dimensões do dízimo: religiosa, eclesial, missionária e caritativa. Ele tem por finalidade, portanto, colaborar para a realização do culto divino e da evangelização, prover o sustento do clero e de outros ministros, participar da manutenção das obras de caridade e da concretização da missão da Igreja.
O
dízimo está profundamente relacionado à vivência da fé e à
pertença a uma comunidade eclesial. Quando a fé é bem compreendida
ela leva o fiel a tomar parte nos vários aspectos da vida da
comunidade, pois cada um experimenta a profunda comunhão que se
exprime na imagem do corpo: “Vós todos sois o corpo de Cristo
e, individualmente, sois membros desse corpo” (1Cor 12,27);
“Ele é a cabeça do corpo, que é a Igreja” (Cl 1,18).
A
primeira dimensão do dízimo é, portanto, a RELIGIOSA: tem a
ver com a relação do cristão com Deus. Contribuindo com parte de
seus bens, o fiel cultiva e aprofunda a sua relação com Aquele de
quem provém tudo o que ele é e tudo o que ele tem, expressando, na
gratidão, sua fé e sua conversão. Essa dimensão, tratando da
relação com Deus, insere o dízimo no âmbito da espiritualidade
cristã. A partir da relação com Deus, ganha novo significado
também a relação com os bens materiais e com seu correto uso, à
luz da fé (Lc 12,15-21; 1Tm 6,17-19). A consciência do valor desses
bens e, ao mesmo tempo, de sua transitoriedade, leva os fiéis, ao
contribuírem com o dizimo, à experiência de usar os bens materiais
com liberdade e sem apego, convidados que são pelo Senhor a buscar
primeiro o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6,33).
Decorrente
da dimensão anterior, o dízimo apresenta também uma dimensão
ECLESIAL. Contribuindo com o dízimo, o fiel vivencia sua
consciência de ser membro da Igreja, e de que é corresponsável,
para que a comunidade disponha do necessário para a realização do
culto divino e para o desenvolvimento de sua missão. A consciência
de ser Igreja leva os fiéis a assumirem a vida comunitária,
participando ativamente de suas atividades e colaborando para que a
comunidade viva cada vez mais plenamente a fé e mais fielmente a
testemunhe. Contribuindo com o dízimo, cada fiel toma parte no
empenho de todos e se abre para as necessidades de toda a Igreja. O
dízimo também oferece condições às paróquias e comunidades de
contribuírem de modo sistemático com a Igreja particular, mantendo
vivo o sentido de pertença a ela.
O
dízimo tem uma dimensão MISSIONÁRIA.
O fiel, corresponsável por sua comunidade, toma consciência de que
há muitas comunidades que não conseguem prover suas necessidades
com os próprios recursos e que precisam da colaboração de outras.
O dízimo permite a partilha de recursos entre as paróquias de uma
mesma Igreja particular e entre as Igrejas particulares, manifestando
a comunhão que há entre elas. De fato, em cada Igreja particular,
na comunhão com as demais, está presente e atua a una e única
Igreja de Cristo. O dízimo contribui para o aprofundamento da
partilha e da comunhão de recursos em projetos como o das
paróquias-irmãs e o do fundo eclesial de comunhão e partilha, no
âmbito da Igreja particular; e nos projetos “Igrejas-irmãs” e
“Comunhão e Partilha”, em âmbito nacional.
O
dízimo tem ainda uma dimensão CARITATIVA, que se manifesta
no cuidado com os pobres, por parte da comunidade. Uma das
características das primeiras comunidades cristãs era de que “não
havia necessitados entre eles”, pois tudo “era distribuído
conforme a necessidade de cada um (At 4,34 e 35). Ao reconhecerem a
autenticidade do ministério de São Paulo, os Apóstolos pediram que
não se esquecesse dos pobres (Gl 2,10). “A opção preferencial
pelos pobres está implicada na fé cristológica” e que a caridade
para com os pobres “é uma dimensão constitutiva da missão da
Igreja e expressão irrenunciável da sua própria essência”.
“A
Igreja é chamada à prática da diakonia da caridade também
em nível comunitário, desde as pequenas comunidades locais,
passando pelas Igrejas particulares até a Igreja universal; por
isso, há necessidade de (...) uma organização articulada, mesmo
através de expressões institucionais”. Por isso, os cristãos,
animados por seus Pastores “são chamados, em todo lugar e
circunstância, a ouvir o clamor dos pobres”. Quando a comunidade
contribui sistematicamente para os projetos de promoção humana ou
de socorro a necessidades específicas, contribui também para a
humanização das estruturas sociais e para seu progresso. O dízimo
fornece condições para essa “organização articulada”.
Fonte:
O dízimo na comunidade de fé: orientações e propostas (Documento
106). CNBB, 2016.
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